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 Biografia:Adalgisa Nery

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teko
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Biografia:Adalgisa Nery Empty
MensagemAssunto: Biografia:Adalgisa Nery   Biografia:Adalgisa Nery Icon_minitimeTer Set 04, 2007 8:32 pm

O nome da poeta Adalgisa Nery (1905-1980) deve soar, para a maioria dos leitores como desconhecido. Mais ainda: mesmo quem tem informação sobre o nome dela pouco sabe sobre seu trabalho.

Adalgisa Maria Feliciana Noel Cancela Ferreira, nome de batismo de Adalgisa Nery, foi poeta, jornalista, prosadora e política. Nasceu no Rio de Janeiro, filha de um funcionário municipal. Órfã de mãe desde os 8 anos, estudou como interna num colégio de freiras. Aos 16 anos, casou-se com o pintor paraense Ismael Nery, um dos precursores do modernismo. O casamento durou até a morte de Ismael, em 1934. A relação foi conflituosa e até violenta. O casal teve sete filhos, dos quais sobreviveram apenas dois.

Viúva, e obrigada a trabalhar para sustentar os filhos, Adalgisa lançou seu primeiro livro, Poemas, em 1937. Três anos depois, casou-se com o diretor do temível Departamento de Imprensa e Propaganda, o DIP, criado pelo ditador Getúlio Vargas em 1939 para difundir as idéias autoritárias do Estado Novo. O casamento durou treze anos. Nesse período, Adalgisa viajou pelo mundo em missão diplomática, acompanhando o marido,

Separada, abandonou a literatura e passou a dedicar-se ao jornalismo. Também adotou a política. Foi deputada três vezes pela legenda do Partido Socialista Brasileiro. Depois do golpe militar de 1964, passou ao MDB e foi cassada em 1969.

Seus últimos anos foram melancólicos. Nos anos 70, viveu de favor, durante algum tempo, numa casa do apresentador de televisão Flávio Cavalcanti, em Petrópolis (RJ). Escreveu ainda seis livros -- entre os quais dois de poesia. É dessa época o romance Neblina (1972), dedicado a Flávio Cavalcanti. Essa dedicatória, certamente ditada pela gratidão, pegou mal na difícil conjuntura política da época. Cavalcanti era tido como dedo-duro nos meios de comunicação.

Em 1976, Adalgisa recolheu-se a uma clínica para idosos, no Rio. Um ano depois, sofreu um acidente vascular que a deixou hemiplégica. Morreu em 1980.

Autora de poemas, contos, crônicas e romances, Adalgisa teve seus dias de glória. Viúva aos 29 anos e dona de um perfil de mulher fatal, consta que ela destroçava corações. "Acho que todos nós a amávamos, mesmo sem saber que se tratava de amor", escreveu Carlos Drummond de Andrade após a morte dela. Também se sabe que o poeta Murilo Mendes foi perdidamente apaixonado por Adalgisa. Chegou-se até a sugerir (não há provas) que ela fora amante do ditador Vargas.

Não conheço a prosa da autora. Tive a oportunidade de ler sua poesia quase completa, que está no volume Mundos Oscilantes, publicada pela José Olympio em 1962. Escrevi "quase completa", porque ela ainda produziu bastante depois dessa data. De todo modo, Mundos Oscilantes contém seis livros (1937-1962), o essencial da obra poética de Adalgisa.

Talvez por causa de sua trajetória pessoal, marcada desde cedo pelo sofrimento, Adalgisa produziu uma poesia em que predominam os tons cinzentos. Mesmo quando ela proclama amores incondicionais, há sempre uma fragilidade de nuvem, uma busca de transcendência.

Quando li Mundos Oscilantes, fiz a seguinte anotação: "Uma poesia que parece eternamente ancorada no cais da solidão, do desalento, da morte. Nas mais de 300 páginas desse livro, não se encontra um só poema de clima um pouco mais solar ou mesmo cujo tema se volte para coisas mais concretas, fora da trilogia solidão, desalento, morte. O tom, às vezes, beira o apocalíptico".

Talvez por causa dessas características, o volume se torne meio cansativo pela uniformidade. Também na forma dos poemas há uma certa inflexão monocórdica. Em versos livres, sempre iniciados por maiúsculas, todos os textos têm apenas um bloco. Não há estrofes.


Um abraço, e até a próxima.
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